Aprovado projeto que vincula ação do BC a crescimento do emprego

01/11/2011 - 16h55

A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), em reunião nesta terça-feira (1º), aprovou projeto do senador Lindbergh Farias (PT-RJ) para que seja incluída entre as competências do Banco Central a busca do crescimento econômico e a geração de empregos. Portanto, deixariam de ser objetivos exclusivos da ação do BC perseguir a estabilidade da moeda (controle da inflação) e garantir a solidez e a eficiência do sistema financeiro.

Ao defender o projeto (PLS 477/11 - Complementar), Lindberg observou que bancos centrais são organismos de Estado com missão decorrente de competência estabelecida em lei. Ao mesmo tempo, salientou que essa missão, em um país democrático, deve refletir o poder que a instituição recebeu da sociedade.

- A atuação de um banco central não é neutra em relação ao lado real da economia. Os resultados da sua atuação não se restringem à esfera monetária e financeira - argumentou.

Segundo ele, a evidência de que existe um "canal de ligação" entre a esfera monetário-financeira e a esfera da economia real é reconhecida pela legislação que orienta a atuação de importantes bancos centrais. Entre esses, citou o próprio Federal Reserve Bank - o banco central dos Estados Unidos. Destacou que sua missão inclui o dever de atuar para influenciar "as condições monetárias e de crédito na economia em busca do emprego máximo, preços estáveis e taxa de juros de longo-termo moderadas".

Sintonia

Lindbergh disse que a presidente Dilma Rousseff vem sempre destacando que o objetivo do governo é "buscar a estabilidade com crescimento econômico". Além disso, observou que o próprio BC, sob o comando do atual presente, Alexandre Tombini, já vem atuado dentro desse "balizamento" nos últimos tempos. Nesse caso, disse que a proposta dará respaldo para a manutenção das políticas adotadas.

- Se tivesse o olhar apenas para a inflação, o banco não estaria baixando os juros nesse momento - disse, em entrevista ao fim da reunião.

A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), relatora da matéria, em exame favorável, destacou que nos países com histórico de "inflação galopante" a ênfase na estabilidade da moeda é uma necessidade, para transmitir o compromisso com a manutenção de seu poder de compra. Lembrou como exemplo que a legislação do Banco Central assinala essa prioridade, sem deixar de mencionar que o órgão deve contribuir para "a política econômica do governo".

Lindberg apelou aos colegas para a aprovação do seu projeto, utilizando com argumento o fato de a matéria ainda ir a Plenário, para decisão final, com oportunidade para ser amplamente debatido.

Conselho Monetário

Outro projeto aprovado pela CAE inclui entre os objetivos do Conselho Monetário Nacional (CMN) "a busca do pleno emprego na economia". Na justificativa, o autor, senador Inácio Arruda (PCdoB), diz que isso significa "perseguir a utilização máxima do capital e do trabalho permitido pela economia".

O CMN define as linhas gerais e coordena as políticas no campo monetário, de crédito, orçamentária, fiscal e para a dívida pública. É o CMN que define a meta anual para a inflação e os intervalos de tolerância. O Comitê de Política Monetária (Copom), integrado pelo presidente e diretores do BC, atua para que a meta seja alcançada, para isso utilizando os meios à disposição do órgão, principalmente o manuseio da taxa básica de juros (Selic). Mantido pelo governo Lula, o regime de metas sempre foi criticado pelo PT e partidos mais à esquerda, por subordinar o crescimento ao rigor no combate à inflação.

A proposta que trata do CMN (PLS 301/11 - Complementar) foi relatada com voto favorável, pelo senador Romero Jucá (PMDB-RR), na condição de ad hocAd hoc é uma expressão latina cuja tradução literal é "para isto" ou "para esta finalidade". É mais empregada no contexto jurídico. No Legislativo, o relator ad hoc é o parlamentar que, em determinada ocasião, foi escolhido para ler o relatório feito por outro parlamentar, devido à impossibilidade deste último de comparecer à comissão ou ao Plenário. de Eduardo Braga (PMDB-AM). Também irá a Plenário, para decisão final.

Gorette Brandão / Agência Senado

Notícias

Idosa de 76 anos obtém divórcio judicial para oficializar novo casamento

Idosa de 76 anos obtém divórcio judicial para oficializar novo casamento 23/09/2025 Fonte: Assessoria de Comunicação do IBDFAM (com informações do DPE-TO) No Tocantins, uma idosa de 76 anos conseguiu formalizar o divórcio de um casamento que havia se dissolvido na prática há mais de duas décadas. A...

Valor Econômico: Volume de inventários digitais cresce no país

Valor Econômico: Volume de inventários digitais cresce no país Entre 2020 e 2024, número de procedimentos cresceu 49,7%, segundo o Colégio Notarial do Brasil – Conselho Federal O volume de famílias que têm resolvido a partilha de bens de forma extrajudicial vem aumentando desde 2020, quando foi...

Ex-cônjuge não sócio tem direito a lucros distribuídos depois da separação

Ex é para sempre Ex-cônjuge não sócio tem direito a lucros distribuídos depois da separação Danilo Vital 22 de setembro de 2025, 19h18 “Enquanto os haveres não forem efetivamente pagos ao ex-cônjuge, permanece seu direito de crédito em face da sociedade, que deve incidir também sobre os lucros e...

Imóvel de família é impenhorável mesmo que incluído em ação de inventário

Bem intocável Imóvel de família é impenhorável mesmo que incluído em ação de inventário Danilo Vital 18 de setembro de 2025, 17h50 “Na hipótese em que o bem imóvel for qualificado como bem de família, ainda que esteja incluído em ação de inventário, deve ser assegurada a sua impenhorabilidade no...